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sábado, 18 de dezembro de 2010

"NINGUÉM"

Pretendo terminar a vida
como vim,
não quero assinar nenhuma obra.

Talvez faça como Pessoa -
crie pessoas
dentro de mim.

Assim as dores seriam divididas
em doses mínimas,
homeopatia
de fim.

(Raphael Negreiros)

"NADA NOS RESTA...?"

Pouco é o que resta
do amanhecer ao derradeiro suspiro de tarde.

Pouco me resta
ao acender um cigarro
e ao esvanecer o último suspiro.

Nada nos resta.
E antes não restasse nada realmente...

(Raphael Negreiros)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

"COSMOS"



Cometa
o erro 
da estrela 
que cai
nos recantos
do mar azul
que não é azul...


e se embale num universo
deserto 
cheio de vida.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"NADA-DOR"



Pulsa.
Repulsa
de dentro
pra fora.


Nada
na água turva.
Nada
e se afoga.


(Raphael Negreiros)

29.11





Sou como as nuvens
- crio formas 
de todos os tamanhos.


Às vezes pareço com isso
ou com aquilo...
nunca comigo mesmo.


(Raphael Negreiros)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

"TEMPESTADE"

Criei tempestades
todos os dias
ao longo do tempo.

Ao abrir a janela,
esperava o que
além do vento?!...

(Raphael Negreiros)

domingo, 21 de novembro de 2010

"..."




Sinto o silêncio
chegando devagar,
sussurrando vazio,
se escondendo em vasos
sanguíneos... impulsores
do nada.

Sinto o silêncio
no lado escuro
da vida intocável,
nos muros que exalam
desejos... impuros
e solidão.

Sinto o silêncio
nos quatro cantos
deste mundo
pequeno
transparente
à visão.

(Raphael Negreiros)

domingo, 14 de novembro de 2010

"ADEUS II"

Há dias peço desculpas 
a mim mesmo,
preciso deixar o EU maior sair. 


Vez ou outra ele parte
nós dois.
E não sei se sou meu
ou sou de mim.


(Raphael Negreiros)

"ADEUS I"

Mais a frente do vazio,
estão minhas jornadas:
os abismos que segui.

Aqui dentro
algo pulsa
separado,
já meio cansado
pedindo pra sair.

(Raphael Negreiros)

"FANTASMAS"

Criei fantasmas
das lágrimas que derramei
pois antes que descobrisse o porquê
ou o que me fez parar
e mudar o rumo,
chorei...

(Raphael Negreiros)

sábado, 13 de novembro de 2010

"SILÊNCIO INQUIETO"

Procurei talvez um lugar perdido;
de todos os cantos, quem sabe, o medo.
E quando procurei em meu abismo,
achei outras pessoas em meus segredos
e todo sopro virou silêncio
e todo silêncio rasgou-se em grito.

(Raphael Negreiros)

"EU?"

Às vezes não sei 
se sou o ser 
que se transforma
ou se transborda... 

(Raphael Negreiros)

"PERDÃO"

Desculpe-me as mágoas.
E às mágoas suas,
desculpe as magras
desculpas…

(Raphael Negreiros)

"SENTIR"

Eu só posso dizer
o que sinto:
sinto muito…


(Raphael Negreiros)

"TEMPO"

    Pensar
              no futuro
   é complicado.
   Quanto mais se pensa...
        o futuro
  já é passado.

(Raphael Negreiros)

"CINZA"

Sou pouco,
mas não tão pouco 
ou nunca nada.
Soluço o quase
e quase sempre
sou todo o tudo 
às vezes casto.

(Raphael Negreiros)

"POEMA SIMPLES"

Quero um poema simples,
um rabisco de nada,
uma linha reta.

Eu quero as minhas palavras
em imagens geométricas.

(Raphael Negreiros) 

"AO FIM..."


A fim 
de melhorar a vida
faço
a vida melhorar
o fim.

(Raphael Negreiros)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"SER"


Este poema é baseado na obra "Por sobre as cabeças" do meu grande professor e ídolo, João Andrade.




Sou fragmento. Nunca o todo!
E isso é uma pena.
Queria ir além e ser mais,
mas não vôo.

(Raphael Negreiros)

"ACORDAR"

Vejo uma neblina
em um amanhecer incestuoso
- onde o sol se envolve em nuvens
e nuvens se envolvem em sol...
Depois um arco-íris nasce e morre
no mesmo dia.

(Raphael Negreiros)

"POETA"

Para ser poeta
não é necessário
escrever versos,
basta apenas
que sua vida
seja um emaranhado
de estrofes inacabadas...

(Raphael Negreiros)

"ESCREVER..."

Pela manhã
construo verdades
uma a uma
e as copio o dia inteiro.

Mas antes de dormir
como num devaneio
d e s c o n s t r u o o mundo
e arremedo-o.

(Raphael Negreiros)

"PREFÁCIO DA DOR"

Até o céu
por mais silencioso que seja
às vezes verseja
e chove.

(Raphael Negreiros)

"AVERSOS"

Disfarço a face do inimigo;
leio crônicas em âncoras perdidas;
enfeito o feito maior que vivo:
abraços, palavras, amor sem vida.

E a cada grito agrido o silêncio
e a cada despedida morro comigo,
os versos e os aversos, tudo que vejo,
transformam-se aos poucos no nada que digo.

(Raphael Negreiros)

"COMPANHEIRA"

Faço da dor
uma escrava amiga,
guardiã da forma errada.
Se a vejo em mim
de forma escondida
transformo-a
em fonte do nada.

(Raphael Negreiros) 

"INTROSPECÇÃO"

Caio e me desafino
a cada passo que sigo reto.
Sou torto
e torto quero
todo o meu caminho.


(Raphael Negreiros)

"PRISMA"


Em mim existem vários eus
até aqueles que não são meus.


(Raphael Negreiros)

"PRAZER"

Renovo o oco,
provoco o cio,
provo de novo
e renuncio. 


(Raphael Negreiros)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"NECROMANCIA"

Sob as sombras de pensamentos
foleio a vida página a página,
neste livro das memórias
que se esvai pouco a pouco...


(Raphael Negreiros)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"A VIDA"

A vida, que inspira meus versos, meus pensamentos e minha energia diária




Sopro leve e solto
numa nuvem de branda
e passageira chuva rala
no entardecer de um amanhã
ou no amanhecer de outrora
que antes sussurrava esperança
e hoje murmura algo mais...

(Raphael Negreiros)

"IN SANIDADE"

Lunático... vivo entre as nuvens, mas longe do céu...
quase posso tocá-lo, mas escorrega-me pelos dedos...
É dia de chuva!

(Raphael Negreiros)

"A PROCURA"

Todo dia me descubro
e me desafio.
Com o mesmo esmo seco
me recubro fio a fio.

(Raphael Negreiros)

"EU"

Ora sou isso.
Ora sou aquilo...
ora não sou nada,
apenas finjo.

E finjo que existo.
E na metástase de não-visto
desfaço-me!

(Raphael Negreiros)

"ENTARDECER"

Desagua em teu peito
um desejo torpe
de tardes vermelhas
que se perde passo a passo

Nuvens espaçadas no céu azul
tristes lágrimas
estrelas cadentes
ninguém as vê

E no mesmo esmo
perdido e vão
embora vão
não se vão embora

Espera e rompe
artérias, veias e velas
na poeira cinza
mais suja que o dia.

(Raphael Negreiros)

"SONHO"

Estranhas entranhas...
vermes,
versos em pensamentos desfoques,
paralisam o ser inabitável
que se espalha
e se esconde dentro do além
inalcançável,
inatingível.
Nada sobra além das migalhas do tempo.

(Raphael Negreiros)

"REFLEXO"

Crio uma fera
que não conheço:
a cada verso
reverso
todo
desejo


desejo
todo
reverso
a cada verso
que não conheço:
Crio uma fera

(Raphael Negreiros)

"SINA"

Sem muitos porquês
bebi o eco, soquei o vento,
me embriaguei com o meu veneno.
Nesse vazio
desisto do que desejo,
do que sobrou, escrevo.

(Raphael Negreiros)